Campanha busca difundir cultura de paz entre jovens
Cerca de 3% das pessoas adultas morrem vítimas de homicídio no Brasil, percentual que sobe para 39,3% quando se trata de jovens, estatísticas que buscam ser reduzidas por meio de uma campanha lançada hoje, dia 09, no Ministério Público estadual, e que vai atingir de imediato cerca de 200 mil alunos matriculados em 300 escolas públicas de Salvador e Região Metropolitana. A campanha 'Conte até 10 nas Escolas' integrará, nos próximos dias, o roteiro de aula dos professores das disciplinas de Sociologia e Filosofia visando estimular e enriquecer o debate entre direção, docentes, pais e alunos das unidades do ensino médio em torno do tema da violência e formas de enfrentá-la, criando na escola um ambiente favorável ao fomento de uma cultura de respeito mútuo.
Desdobramento da campanha 'Conte até 10. Paz. Essa é a atitude', concebida como ação da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp) e lançada nacionalmente em 2012, e em Lauro de Freitas no ano passado, a 'Conte até 10 nas Escolas' chega agora a Salvador, Camaçari, Candeias, Dias D’Ávila e Simões Filho, cujos diretores de escolas participaram do ato realizado hoje sob a presidência do procurador-geral de Justiça Márcio Fahel. Em seu pronunciamento, ele destacou a importância do MP atuar em parceria com os educadores como forma de realizar um trabalho preventivo em direção à mudança da cultura da violência entre o público jovem que dominará o futuro e será o pai e a mãe amanhã. Para o chefe do MP, o quadro de violência não será alterado só com mais polícia nas ruas e mais armamento porque “o problema é cultural e exige medidas que reorientem o nosso público.”
Os professores utilizarão em sala de aula uma cartilha elaborada pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) com base no relatório 'Mapa da Violência 2013 – Homicídios e Juventude no País', que destaca a escalada de homicídios envolvendo jovens entre 15 e 24 anos de idade, também sendo utilizados dados extraídos de inquéritos policiais em tramitação em 16 unidades da Federação, indicando que parcela significativa dos homicídios apurados foram cometidos por motivos banais ou por impulso. Na cartilha apresentada pela promotora de Justiça Lara Teixeira, membro-colaboradora do CNMP, o professor tem roteiros de aula que ajudarão a trabalhar a conscientização e prevenção para redução da violência. Pela urgência do debate a divulgação está acontecendo nos cem municípios brasileiros onde os registros de violência contra o jovem é mais preocupante, mas deve atingir outros em futuro próximo.
Coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Educação (Ceduc), a promotora de Justiça Pilar Maquieira conduziu o lançamento da campanha que também se justifica em função da demanda dos promotores de Justiça que têm convivido com os altos índices de homicídios entre os jovens, explicou. Ela pontua que em muitos casos, a família, por uma série de motivos, não tem condição de cumprir seu papel e torna-se necessária a intervenção da escola, onde o jovem passa boa parte da vida, para suprir os valores éticos e morais. No entender de Lara Teixeira, a campanha pode dar boa contribuição aos educadores que lidam com pessoas que estão na fase de preparação para a vida adulta, precisam conhecer seu direitos, mas também seus deveres e consequências de seus atos. Inclusive, a cartilha sugere que o professor simule um júri na sala de aula ou uma visita a uma sessão de júri com os jovens.
Segundo Lara, os atos simples devem ser apurados, mesmo casos de prática de bulliyng com a intensificação de um trabalho de mudança de mentalidade para que os jovens não se transformem em criminosos amanhã. Do lançamento da campanha que busca “empoderar o professor para contribuir com a difusão da cultura da paz”, como citou Márcio Fahel, também participaram a superintendente de acompanhamento e avaliação do sistema educacional da Secretaria Estadual de Educação, representando o secretário Osvaldo Barreto; a superintendente de educação básica, Amélia Maraux; e os coordenadores dos Centros de Apoio Operacional de Defesa da Saúde (Cesau), Rogério Queiróz; da Criança e do Adolescente (Caoca), Márcia Guedes; e Criminal (Caocrim), Pedro Maia.
Fonte: CNMP