Mulheres do Ministério Público do Paraná: Uma noite histórica na APMP
O lançamento do livro “Breve história das Mulheres do Ministério Público do Paraná - 1981 – 1991" reuniu centenas de associadas, associados, servidores e servidoras, autoridades e convidados na APMP.
A noite do dia 29 de julho foi marcada pelo encontro de gerações de mulheres e homens que construíram e continuam construindo o Ministério Público do Paraná (MPPR). A primeira a chegar para abrilhantar o evento foi a procuradora de Justiça aposentada, Celita Alvarenga Bertotti, primeira mulher a ocupar o cargo de procuradora de Justiça no MPPR. Celita faz parte do grupo de mulheres que foram biografadas no livro lançado.
No encontro, outras biografadas estiveram presentes, como as servidoras Mari Teresinha Ramos Kotaka e Izabela Kodaka, e as associadas Sonia Maria Taques Mercer, cuja foto da posse, de 1979, ilustrou a capa do livro; e Maria Tereza Uille Gomes, única mulher a presidir a APMP e a ocupar o cargo de Procuradora-Geral de Justiça.
Para abrir a solenidade de lançamento do livro, a coordenadora editorial do livro, Valéria Teixeira de Meiroz Grilo, procuradora de Justiça aposentada e membra do Conselho Curador do Memorial do MPPR, representou o presidente do Memorial do Ministério Público do Paraná. Em seu discurso, destacou que a obra teve o objetivo de resgatar a trajetória das mulheres dentro do Ministério Público do Paraná. “Tivemos a preocupação para que a obra seja inclusiva, por isso foram inseridas as memórias de servidoras e de mulheres negras, sendo as últimas as mulheres que mais são invisibilizadas ao longo da história, na sociedade”, comentou.
Para Meiroz, o livro é uma verdadeira promoção da igualdade de gênero, uma vez que aborda o passado, traz dados do presente, para transformar o futuro. “Um futuro, quando homens e mulheres serão vistos como pessoas que podem ocupar qualquer espaço e sem qualquer obstáculo”, acrescentou.
A coordenadora editorial também afirmou que o livro já é uma referência na histografia de carreira de todas as instituições no Sistema de Justiça.
Emocionada, agradeceu todos os envolvidos, em especial ao autor Cristiano, que tornou o projeto realidade. “Um livro de história que entrará na história da nossa Instituição”, finalizou Valéria.
Na sequência, o autor Cristiano de Oliveira Viana Correia apresentou como surgiu a ideia do livro afirmando que o trabalho foi grande e que cresceu em escopo e tamanho. Para a alegria dos ouvintes, deu alguns spoilers sobre o conteúdo da obra. Começou contando brevemente a história de Walkyrya Naked e explicou que o livro é divido em duas partes. “Na parte I, é apresentado os processos de transformações e, para isso, há diferentes biografias. Você encontra nesta parte, informações sobre a primeira estagiária, sobre o processo de estágio, sobre a primeira magistrada estadual”, comentou. Cristiano salientou que a pesquisa permitiu apresentar no livro o ingresso da mulher no direito e nas carreiras jurídicas, não sendo limitado ao Ministério Público.
“Já na parte II, é abordado a criação dos concursos, a estruturação de uma carreira, a criação da Associação (APMP), e como algumas mulheres se transformaram, criando seu próprio protagonismo”, continuou.
O autor ainda ressaltou sobre as primeiras mulheres que abriram os caminhos. “Vocês podem perceber que tomei a liberdade de falar sobre muitas primeiras mulheres, e isso nada mais é do que aquelas que abriram a trilha para que outras pudessem chegar e continuar o trabalho. Elas necessariamente não são as mais importantes, mas são as que abriram o caminho para muitos outros promotores e promotoras que hoje estão na instituição”.
Cristiano confessou “Espero que o livro permita e possibilite que as mulheres tenham não só mais voz institucional, mas tenham mais voz própria”.
Encerrou agradecendo a participação de muitos na obra, “este livro definitivamente não é só meu, ele foi escrito por muitas mãos, cada uma com seus talentos”.
Parabenizando a publicação do livro, a terceira a fazer uso da palavra foi a Procuradora-Geral de Justiça do Espírito Santo, Luciana Gomes Ferreira de Andrade. A PGJ apresentou a todos um ícone do MP Capixaba e que se encontrava presente no coquetel de lançamento, a decana Catarina Cecin Gazele. “Ela é a mulher que abriu as trincheiras do Ministério Público Capixaba para que mulheres como eu, promotora de justiça, possam estar no mais alto cargo da carreira em meu estado”, declarou.
“Ela é minha ídola, foi a primeira corregedora do MPES, foi a primeira PGJ do nosso estado e da região sudeste”, acrescentou.
Luciana enalteceu o Ministério Público das Araucárias: “O Paraná para nós é um modelo de Ministério Público, um modelo de vanguarda, de competência, de defesa constitucionais”.
Logo no início da fala de Samia Saad Gallotti Bonavides, Subprocuradora-Geral para Assuntos de Planejamento Institucional, no evento representando o Procurador-Geral de Justiça, Gilberto Giacoia, e o diretor da Escola Superior do MPPR, Eduardo Augusto Salomão Cambi, em um gesto simbólico e muito representativo, todas as mulheres que integram o Ministério Público do Brasil, que estavam presentes no coquetel, ficaram em pé e foram ovacionadas, a pedido da própria subprocuradora.
Samia em seu discurso afirmou que a obra era uma bela e importante homenagem da história das mulheres do MP paranaense. “História é aquilo que fica, da vida vivida. Me permito falar sobre nós, mulheres do MPPR, sobre nós, mulheres no mundo, como aquelas que tiveram que construir essa história, de uma forma diferente”, falou.
A subprocuradora também lembrou das mudanças que o mundo passou, desde quando entrou no MP, no primeiro concurso em que foram aprovadas três mulheres, ainda no ano de 1979, até os dias de hoje. “Ainda bem que vivemos no mundo de hoje, que apesar de não ser fácil, muitas conquistas foram alcançadas, graças a uma construção coletiva, de uma consciência coletiva em torno do que é ser mulher no mundo”, asseverou.
“Aqui está Sonia, minha colega de concurso, cuja silhueta está registrada na capa do livro. Nós somos essas bravas guerreiras do MP, que abrimos caminhos. Antes de nós, apenas 11 mulheres integraram o Ministério Público”, finalizou.
Em nome da Associação de Servidores do Ministério Público do Paraná (ASSEMP-PR), Almir Bedin, 1º Tesoureiro da referida Instituição, destacou que a ASSEMP é uma incentivadora de projetos como o livro, pois são iniciativas como essa que engrandecem o Ministério Público.
Encerrando o momento solene de lançamento do livro, o Presidente da APMP, André Tiago Pasternak Glitz, saudou todos os associados e associadas, amigos e amigas, familiares, servidores e servidoras. “Eu fui questionado se a APMP patrocinaria um livro sobre a história dos homens do MPPR. Eu respondi: ‘todos os livros até hoje, contam a história dos homens do MPPR, basta ver a galeria de presidentes da APMP ou de Procuradores-Gerais no MPPR’”, falou.
André defendeu que é necessário cada vez mais falar sobre direitos humanos, sobre igualdade, sobre gênero, porém, além de falar, é necessário agir. “O livro que hoje lançamos vai além da fala, representa uma ação concreta. Uma prática condizente com o nosso discurso. Precisamos continuar falando, mas precisamos agir cada vez mais. Praticar isso no dia-a-dia, tornar isso concreto. Que os nossos discursos continuem poéticos, mas que a eles sejam somadas ações. Isso que precisamos. Este livro representa muito bem isso!”, ressaltou Glitz.
Enalteceu o trabalho realizado pela Diretoria de Mulheres da APMP, nas pessoas da ex-diretora Symara Motter e da atual Mariana Dias Mariano. “Esta Diretoria se preocupa em tornar o discurso realidade, e graças a elas, essas duas mulheres, temos uma Diretoria que discursa e que faz, basta verificar os requerimentos que a APMP tem apresentado nas questões de gênero”, exemplificou.
“É preciso ter coragem para transformar o discurso em ação, pois nem sempre a prática agradará a todos, mas não podemos pensar em agradar e sim em fazer o que é certo”, declarou o presidente da APMP.
Para Glitz, a obra sobre a história das mulheres do MP do Paraná é uma ação concreta, que materializa aquilo que a APMP acredita e sonha. "Esperamos ver mais lideranças femininas institucionais como Procuradoras-Gerais de Justiça e ocupando cargos na presidência da nossa Associação”, finalizou.
André convidou a Diretora de Mulheres, Mariana Dias Mariano, para fazer o pronunciamento final.
Mariana resumiu em uma palavra todo aquele momento: GRATIDÃO. “Gratidão para quem tornou realidade esse projeto. Um projeto que veio explicar que se as mulheres não estão em determinados lugares, não é porque não possuem competência, mas porque existem regras, que foram criadas de forma artificial, que as colocaram fora desses espaços, por tanto tempo. Gratidão, para todas as mulheres que mesmo assim, ocuparam espaços importantes e mostraram que nós podemos ser tudo aquilo que tentam nos fazer acreditar que não somos. DRª. Catarina. DRª. Luciana. DRa. Maria Tereza, gratidão”, discursou.
“Gratidão a todos os homens, que estão aqui acreditando nisso e sonhando com um mundo de igualdades de oportunidades.” Mariana continuou e afirmou que esses homens fazem isso porque sabem de uma frase que ela ouviu naquele dia “Quando uma mulher avança, nenhum homem retrocede”. “O que a gente busca é igualdade de oportunidades”, encerrou.
Além dos que fizeram uso da palavra, que integraram a mesa receptiva do evento, também compuseram a mesa, a desembargadora Priscilla Placha, representando o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná; a Chefe de Gabinete da Defensoria-Geral, Lívia Brodbeck; e a Vereadora Maria Letícia.
O coquetel ainda contou com sessão de autógrafos do autor, quando Cristiano também recebeu os cumprimentos dos participantes; show com a cantora e compositora curitibana Clarissa Bruns; e sorteio de cinco kits de livros.
A obra está à venda na APMP, no valor de R$ 40,00. Os interessados devem ligar e fazer a aquisição pelo telefone (41) 3352-2919.
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